terça-feira, 21 de junho de 2011

Literatura e ciência

Relembrando as aulas de literatura do ensino médio, podemos encontrar pontos em que tal forma de conhecimento e a ciência se relacionam. Ora é uma que antecipa a outra, ora uma influencia a outra.

Realismo-naturalismo e Realismo

No século XIX, predominava um pensamento cientificista e racionlizante. O homem perdia sua imortalidade e agora ''vinha do macaco", os físicos penduravam as chuteiras, achando que tudo já havia sido descoberto. Os positivistas procuravam entender o homem colocando-o dentro de um tubo de ensaio (uma forma mecanicista), criando a Sociologia. Para eles, deviamos nos preocupar em "como'' as coisas acontecem, não "por que". Acreditavam que a humanidade passaria por três estágios, o teológico, o metafísico e o físico (marcado pelo triunfo da ciência, livre de superstições). A ciência parecia ter respostas para tudo, e estava nos conduzindo ao ''progresso''.
Isso tudo influenciaria a corrente literária Realismo-naturalismo, ou simplesmente Naturalismo. Criou-se o romance experimental, em que se procurava provar uma tese. Havia a influência do determinismo (o homem é produto da raça, do meio e momento histórico...). Não se faziam juízos de valor, buscava-se neutralidade, como um cientista. Algumas obras representates do Naturalismo são O bom crioulo, de Adolfo Caminha, e O cortiço, de Aluísio Azevedo.


Em desacordo com essa visão idealista, romantizada, da ciência, que lhe atribuía uma onipotência, estavam autores do Realismo. Apesar de muitas semelhanças entre o Realismo-naturalismo e Realismo, os autores deste último se preocuvam um pouco menos em ser neutros. E, também, influenciados pelo pessimismo filosófico, desconfiavam da ciência e do alegado progresso que ela poderia causar. No fundo, o homem estaria fadado ao fracasso. Isso pode ser visto na obra de Machado de Assis, por exemplo.


Seria esse embate um prenúncio da crise do paradigma?

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